É um sintoma preocupante do nosso tempo: quando um líder popular fala com paixão, tentam acusá-lo de ferir. Jerônimo Rodrigues, governador da Bahia, usou uma imagem forte, comum no vocabulário popular nordestino, para expressar algo que muitos desejam — o fim do bolsonarismo como projeto de intolerância, preconceito e abandono. Mas seus opositores, de maneira cínica, resolveram fingir que ele falava de pessoas, não de ideias. E assim criaram uma polêmica artificial para tentar silenciar uma liderança legítima.
Não há nada de violento em desejar o enterro simbólico de um ciclo político que feriu tanta gente. Violento foi deixar crianças morrerem sem oxigênio. Violento foi debochar da dor dos órfãos da pandemia. Violento foi transformar o Estado em arma contra o povo. Jerônimo Rodrigues, ao contrário, tem caminhado na direção oposta. Fez da escuta uma marca de seu governo. Não impôs, convidou. Não excluiu, abraçou.
A elite prefere governadores que falam baixo e não dizem nada. Jerônimo não cabe nesse perfil. Ele é professor, mas também filho do chão rachado da Bahia. Sabe que quem vive na beira do abandono precisa de líderes que falem com coragem. E quando ele fala, não é para agradar. É para provocar mudanças. Sua fala sobre a vala não foi um gesto de desprezo — foi uma oração pela libertação de um tempo cruel.
E quem se incomoda com isso, talvez precise enterrar, dentro de si, o próprio medo de um Brasil mais justo.