O planeta já dá sinais claros de exaustão: ondas de calor sufocantes, secas prolongadas, chuvas torrenciais e eventos extremos que se multiplicam com intensidade inédita. Em meio a esse colapso climático, o Brasil insiste em trilhar um caminho perigoso: o avanço desenfreado da monocultura de eucalipto. Uma escolha que, em vez de mitigar, aprofunda a crise que ameaça o futuro ambiental do país.
É preciso dizer o óbvio — e com todas as letras. O eucalipto não é o vilão isolado da história, mas tornou-se peça central de uma engrenagem que agrava desequilíbrios fundamentais do clima. Sua expansão massiva altera padrões de evapotranspiração, intensifica a perda de água em regiões vulneráveis e contribui para a transformação de áreas antes biodiversas em verdadeiros desertos verdes, incapazes de oferecer resiliência ecológica diante de fenômenos extremos.
Enquanto pesquisadores alertam para o impacto das monoculturas na perda de umidade do solo e na diminuição de fauna polinizadora, governos incentivam a silvicultura como se fosse uma solução mágica para a economia e qualquer menção ao clima fosse um exagero. Mas a conta chega — e chega rápido. Regiões dominadas pelo eucalipto registram secas mais severas, redução de cursos d’água e aumento de temperaturas locais, um microclima que se estende e se conecta ao caos climático global.
O discurso de que o eucalipto “captura carbono” vira quase uma ironia quando se coloca na balança o que ele destrói: biomas inteiros capazes de armazenar carbono de forma muito mais eficiente e complexa. A troca é injustificável. Em nome do lucro rápido, substitui-se diversidade por repetição, vida por geometria, floresta por uma produção industrializada que nada tem de natural.
Diante de eventos extremos cada vez mais violentos, é absurdo que ainda se trate a monocultura florestal como solução ambiental. Não é. Monocultura, seja ela de soja ou eucalipto, sempre diminui a resistência ecológica, enfraquece os solos e fragiliza a capacidade da natureza de reagir ao aquecimento global.
A crise climática exige sistemas vivos, diversos e complexos — não fileiras intermináveis de árvores estrangeiras que intensificam secas, aumentam o risco de incêndios e transformam ecossistemas em caricaturas do que já foram um dia.
O Brasil precisa escolher: continuar alimentando a tempestade climática ou reconstruir o equilíbrio que o planeta suplica para recuperar.
Por Redação.
